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ENXAQUECA E TONTURA

PUBLICADO EM 18/10/2017

Márcio Siega

Médico Neurologista

Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Cefaleia

 

INTRODUÇÃO

 

Dor de cabeça, enxaqueca, tontura, labirintite. Todos esses nomes estão no vocabulário popular. Mas como saber qual tipo de sintoma é o mais adequado para cada caso? Essa resposta é difícil, pois muitas vezes eles estão ligados. Mas um bom diálogo com um neurologista atento é capaz de resolver essa questão. Ainda mais que exames auxiliam em uma pequena parcela dos pacientes.

 

ENXAQUECA VESTIBULAR

 

Existe uma doença chamada “enxaqueca vestibular”. Trata-se de tonturas fortes (vertigem) que duram de 5 minutos até 3 dias e vem acompanhados de sintomas iguais a da enxaqueca. Pode ocorrer também perda auditiva e zumbido. No entanto, essa tontura também surge sem a dor de cabeça. A enxaqueca vestibular é uma das causas mais comuns de tontura recorrente ao longo da vida, junto com a Vertigem Postural Paroxística Benigna (VPPB). Existe ainda uma associação entre enxaqueca, ansiedade e tonturas, ao ponto de ser uma doença única (MARD). A tontura é mais leve e mais duradoura, como se fosse um embebedamento.

O termo labirintite é o mais conhecido, mas é usado de forma errada. Labirintite é uma inflamação do líquido do ouvido, ou por bactérias ou por vírus. É rara e não causa tonturas recorrentes ao longo da vida.

A enxaqueca vestibular acomete 1% da população, principalmente as mulheres. Ela se desenvolve vários anos após o início da enxaqueca comum. Pode até substituir a enxaqueca comum no idoso e na pós-menopausa. Por outro lado, existe uma forma de vertigem na infância que ocorre sem dor de cabeça e que pode ser um “aviso” que a criança vai desenvolver enxaqueca no futuro. Chamada de vertigem paroxística benigna da infância, é a causa mais comum de tontura nessa época da vida.

 

TRATAMENTO DA ENXAQUECA VESTIBULAR

 

Mesmo naqueles pacientes que o principal sintoma é a tontura, utiliza-se medicamentos voltados para o tratamento da enxaqueca. O objetivo do tratamento é melhorar a hipersensibilidade, não só ao barulho e a luz, mas também ao equilíbrio.

 

REFERÊNCIAS

 

Barbosa F, Villa TR. Vestibular migraine: diagnosis challenges and need for targeted treatment. Arquivos de neuro-psiquiatria. 2016; 74(5): 416-422.

Dietrich M, Obermann M, Celebisoy N. Vestibular migraine: the most frequent entity of episodic vertigo. Journal of neurology. 2016; 263(1): 82-89.